Apesar do corte anunciado, inflação global e dólar valorizado dificultam queda de preços.
O governo anunciou o corte temporário de 10% no Imposto de Importação. A medida deve ter um efeito limitado na redução de preços para a população, segundo especialistas. As principais causas para isso são a inflação que atinge diversos países, incluindo grandes fornecedores do Brasil, e o câmbio desvalorizado.
Os altos preços das commodities — incluindo do petróleo — e uma grande demanda conforme as economias reabrem têm encarecido os custos de produção e levado à escassez de alguns produtos como chips para eletroeletrônicos.
Em entrevista à CNN Brasil, o ex-secretário de Comércio Exterior Welber Barral disse que a variação de preços com o corte de 10% deve ocorrer em produtos que possuem alíquotas altas e são importados em grande quantidade, como os farmacêuticos, químicos e aço, o que pode reduzir um pouco os valores.
Já para os de alíquotas baixas, não é esperado uma variação significativa.
Sinalização liberal
Ainda à CNN Brasil, Barral afirmou que a medida foi um “sinal de liberalização”, inserida nas tentativas do governo de reduzir as tarifas de importação para produtos de fora do Mercosul. A proposta inicial, de redução de 50%, enfrenta resistências, principalmente da Argentina, mas os países membros concordaram com o corte de 10%.
Para Barral, a medida serve como uma sinalização da disposição do Brasil em continuar o debate sobre o corte de tarifas, que deve continuar depois de 2022.
Gamboa afirma que o anúncio faz parte de uma “reforma muito esperada para a economia, de abrir mais e inserir o Brasil nas cadeias produtivas globais”. Entretanto, o caráter temporário e o valor baixo acabam dificultando esse objetivo, considerando o quão fechada é a economia brasileira.
“De qualquer forma, em especial para a indústria, é um certo alívio e ajuda para a retomada, já que é um setor com dificuldade de recuperar a trajetória de crescimento. Mas lamento que não tenha caráter permanente, modernizaria a economia brasileira”, diz.
Inhasz afirma que o corte é uma medida importante pensando em abertura comercial e no quão fechada a economia brasileira é. “Mas ela não é genuína. A causa verdadeira é reduzir a pressão no setor produtivo, não de abertura comercial”, diz a professora.
Fonte: Contábeis com informações da CNN.